Curso de Espanhol e Aulas de Português em Jundiaí

terça-feira, 25 de abril de 2023

O amor

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Pinta-se o amor sempre menino, porque ainda que passe dos sete anos, como o de Jacó, nunca chega à idade de uso de razão. Usar de razão e amar são duas coisas que não se ajuntam. A alma de um menino, que vem a ser? Uma vontade com afetos, e um entendimento sem uso. Tal é o amor vulgar. Tudo conquista o amor quando conquista uma alma; porém o primeiro rendido é o entendimento.

Ninguém teve a vontade febricitante, que não tivesse o entendimento frenético. O amor deixará de variar, se for firme, mas não deixará de tresvariar, se é amor.

Nunca o fogo abrasou a vontade, que o fumo não cegasse o entendimento. Nunca houve enfermidade no coração, que não houvesse fraqueza no juízo. Por isso, os mesmos pintores do amor lhe vendaram os olhos. E como o primeiro efeito, ou a última disposição do amor é cegar o entendimento, daqui vem que isso vulgarmente se chama amor, tem mais partes de ignorância; e quantas partes tem de ignorância tantas lhe faltam de amor. Quem ama, porque conhece, é amante: delito, assim no amor diminui o merecimento. Quem ignorando ofendeu, em rigor não é delinquente; quem ignorando amou, em rigor não é amante.

Viera, Padre Antônio (“Sermão do mandato”, aput E. Gomes, op. Cit., p.37)   


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