Curso de Espanhol e Aulas de Português em Jundiaí

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Leitura e Interpretação de Textos

A cor Nacional - A música e César Guerra Peixe

Os dizeres aqui abordados se referem à trajetória da Linguagem musical atonal,
baseada no emprego sistemático da série dos doze sons da gama cromática, com exclusão de qualquer outra escala sonora; o mesmo que música serial, ou seja, a dodecafônica de César Guerra-Peixe (1944-1949) colocando em perspectiva o diálogo estabelecido entre o compositor, sua música e seu tempo. Partimos do pressuposto que a música dodecafônica de Guerra-Peixe se constituiu como um jogo sutil, onde diferentes formas culturais se cruzam através de práticas musicais diversas.

Em 1944, César Guerra-Peixe (1914-1993), então recém diplomado em Composição
pelo Conservatório Brasileiro de Música (CBM), passou a frequentar os cursos ministrados por Hans-Joachim Koellreutter (1915 - 2005), aderindo, imediatamente, à ala de compositores do Grupo Música Viva (1939-1952)1. Durante dois anos e meio, recebeu do novo mestre aulas de análise musical, história da música, estética, harmonia, acústica e técnica dodecafônica. Segundo Guerra-Peixe, Koellreutter foi “a única pessoa que chegou ao Brasil para transmitir informações sobre a música contemporânea da época”.

A busca por novos valores, fez com que Guerra-Peixe iniciasse o projeto “Cor
Nacional”, o qual conciliava os elementos da linguagem atonal-serial-dodecafônica e os elementos da música tradicional, em especial a popular urbana. E ao apoiar-se à música viva e ao dodecafonismo, firmou-se na posição de compositor esteticamente antinacional, e no sec. XIX rompeu com a tradição da época, o que fizesse que ele propusesse novos valores estético-musicais para o público brasileiro, que por sua vez estava acostumado com os sons tradicionais europeus. Seu estilo e seus anseios eram por uma música de perspectiva renovadora, o qual não era para vir na contramão do diálogo existente, porém que ajudasse a compor um novo olhar, um novo despertar, uma nova sensibilidade musical na sociedade da época. 

Guerra-Peixe priorizou o ritmo, pois para ele, era um dos principais elementos para
atingir a comunicabilidade com o público, assim, formulou uma série de críticas aos compositores e às obras existentes como uma forma para legitimar suas experiências e na medida em que desenvolvia seu projeto “A cor nacional”, contribuía para a construção de uma imagem da música dodecafônica diferente daquela que se conhecia em 1940, a que de certa forma era forjada para ser formalista, degenerada, sem conteúdo emocional, e sem os elementos essenciais de comunicabilidade. Nesta época o Jazz vinha sendo vivenciado no Brasil por influência da cultura norte-americana.

Para o compositor que mantinha o contato direto com os gêneros populares,
nacionais e internacionais, permitindo uma interpretação diferente e o Jazz vinha de encontro à novidade da época e ao mesmo tempo acessível a sua cultura, além claro de facilitar não apenas a comunicabilidade como também o aspecto renovador.
Isso possibilitou a criação de uma música mais acessível aos ouvidos da sociedade de sua época e a partir de 1946, seu projeto “Cor nacional” se expande com uma estruturação rítmica e melódica, através do uso sistemático de séries simétricas.  Dessa forma, ouve-se falar em: “Trabalhar pró-música Nacional”, o que significava uma renovação da linguagem erudita brasileira através do atonalismo, o que visava uma música mais moderna e sem prejuízos na comunicabilidade.

Por isso, o termo “conciliar” que foi empregado à atuação de Guerra-Peixe se refere uma coexistência sem hierarquia e união, os seja, os elementos aqui são dinâmicos a partir do contato entre si, revelando novas potencialidades e novas funções; um processo de auto-alteração e participativo no que diz respeito a multiplicidade cultural da sociedade brasileira, realçando a estratégia do compositor para propor uma nova sensibilidade musical.


Perguntas de Interpretação:

1. O texto afirma que Guerra-Peixe, ao aderir ao dodecafonismo, assumiu “uma posição de compositor esteticamente anti-nacional”. Explique. 

2. Como os compositores de Jazz nacionalistas brasileiros viam a música urbana e o Jazz?


     3. Por que Guerra-Peixe tinha um ponto de vista diferenciado acerca do Jazz?

    4.  “A mesma coisa não é mais exatamente a mesma, mesmo se não sofreu nenhuma alteração, pelo fato de que existe num outro tempo.” Comente essa frase, relacionando-a com a proposta estética de Guerra-Peixe. 

      5.  Faça uma breve apreciação sobre as informações trazidas pelo texto. 



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