“Para um homem se
ver a si mesmo são necessárias três coisas: olhos, espelho e luz. Se tem
espelho e é cego, não se pode ver por falta de olhos; se tem espelho e olhos, e
é de noite, não se pode ver por falta de luz. Logo há um mister, há mister
espelho e há mister olhos. Que coisa é a conversão de uma alma se não entrar um
homem dentro de si e ver a si mesmo? Para esta vista são necessários olhos, é
necessário luz, e é necessário espelho. O pregador concorre com o espelho, que
é a doutrina; Deus concorre com a luz, que é a graça; o homem concorre com os
olhos, que é o conhecimento.”
Padre
Antônio Vieira (1608-1697)
Nasceu em Lisboa, venho para Brasil com sete anos
de idade, e morreu na Bahia; é conhecido por seus polêmicos sermões nos quais critica,
entre tantas coisas, o despotismo dos colonos portugueses, a influência
negativa que o Protestantismo exerceria na colônia, os pregadores que não
cumpriam com seu ofício de catequizar e evangelizar (seus adversários
católicos) e a própria Inquisição. Além disso, defendia os índios e sua
evangelização, condenando os horrores vivenciados por eles nas mãos de colonos
e os cristãos-novos (judeus convertidos ao Catolicismo) que aqui se instalaram.
Famoso por seus sermões, padre Antônio Vieira também se dedicou a escrever
cartas e profecias.