Última flor do
Lácio, inculta e bela,
É, a um tempo,
esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na
ganga impura
A bruta mina entre
os cascalhos vela...
Amo-te assim,
desconhecida e obscura.
Tuba de alto
clangor, lira singela,
Que tens o trom e o
silvo da procela,
E o arrolo da
saudade e da ternura!
Amo o teu viço
agreste e o teu aroma
De virgens selvas e
de oceano largo!
Amo-te, ó rude e
doloroso idioma,
Em que da voz
materna ouvi: “meu filho!”
E em que Camões chorou,
no exílio amargo,
O gênio sem ventura
e o amor sem brilho!
Olavo Bilac (Poesias – 1964)
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